Para Enio Barbosa, diretor da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), a manutenção preventiva continua sendo a melhor solução para economizar e evitar problemas com a estrutura do edifício.
De acordo com Barbosa, no caso das rachaduras, há vários estágios. “Primeiro aparecem as fissuras, que têm a espessura de um fio de cabelo, depois as trincas, onde é possível colocar uma lapiseira, para somente depois abrirem as rachaduras, onde é possível colocar as mãos. O síndico deve começar a avaliar a Crescimento situação desde o primeiro estágio para identificar a patologia e começar logo a tratar.”
O engenheiro comenta que muitos condomínios adiam a impermeabilização do térreo ou do jardim, porque é preciso quebrar o piso para fazer o serviço. “Mas isso só vai adiar o problema porque a infiltração não vai parar. Ao contrário, só tende a aumentar”, argumenta.
Carlos Borges, vice-presidente de tecnologia e qualidade do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) concorda com Barbosa em relação à manutenção preventiva.
Segundo Borges, existem medidas que o condomínio pode executar sozinho e outras que requerem a contratação de uma empresa especializada. Ele comenta que hoje é comum os empreendimentos terem um sistema de reúso de água. Por serem mais complexos, eles exigem o acompanhamento de profissionais técnicos. O mesmo ocorre com sistemas hídricos e com os que operam com energia solar e com os sistemas de automação e segurança.
Em relação à verificação do funcionamento das bombas da caixa d’água, por exemplo, que devem operar na forma de rodízio para prolongar a vida útil delas, é uma tarefa que pode ser feita pelo zelador ou síndico, afirma Borges.
“Podemos fazer uma analogia com o carro. Você não espera a lona do freio gastar completamente para trocar. Segue a orientação do fabricante para efetuar a manutenção depois de rodar determinados quilômetros e verificar a sua situação”, diz o VP do Secovi.
Borges também ressalta que o síndico deve ser bastante exigente quanto às reformas dos apartamentos. “Se for exigir alguma mudança estrutural, o morador terá de apresentar um projeto com base na estrutura do prédio para o condomínio avaliar se ela é viável.”
O técnico de enfermagem Elber Valério, de 41 anos, sabe bem o que é sofrer com obra irregular. Ele comprou um apartamento há um mês e meio e descobriu que o seu interfone não funciona. Foi atrás do problema e soube que não há fiação interna em consequência de uma reforma feita anteriormente.
Ele conta que o apartamento já passou por duas grandes remodelações. Na primeira, o dono, que também comprou outra unidade no mesmo andar, quebrou tudo e transformou os dois em uma única unidade. O proprietário seguinte resolver desfazer a obra e voltar à versão original, ou seja, dois imóveis. Só que, nesta última obra, não puxaram a fiação do interfone para o apartamento dele.
“O prédio é antigo e não tem caixa central de interfone em todos os andares. Já quebrei parte de uma parede e vou começar a quebrar outra para tentar achar os fios. A síndica está sabendo da obra e disse que vamos tentar buscar uma solução.
Fonte: O Estado de S. Paulo