Aluguéis mais em conta, negociação e imóveis bem cuidados são as palavras que ditam as regras da locação com os cenários econômico e político atuais. De acordo com Secovi Rio (Sindicato da Habitação), em junho houve queda no valor dos aluguéis nos 17 bairros pesquisados entre as zonas Norte, Sul e Oeste da cidade na comparação com o mesmo mês do ano passado. O levantamento leva em consideração imóveis usados de um a quatro quartos do tipo padrão.
A maior redução foi verificada no Centro, com queda de 17,5%. Em segundo lugar, aparece o bairro de Vila Isabel, com 14,26%. Em seguida, está Copacabana, com 12,35%. Já Ipanema aparece em quarto lugar, com 11,78%.
“Temos observado que está havendo uma migração dos imóveis que estavam para venda. Isso por conta do desemprego, da taxa de juros elevada e da falta de confiança do consumidor em assumir uma dívida no longo prazo. Nos últimos cinco anos, o aumento na oferta locatícia foi de 129%. Quando se aumenta o número de imóveis para alugar, os preços caem”, explica Antônio Paulo Monnerat, vice-presidente de Locações do Secovi Rio.
O gerente de imobiliária, Giovani Oliveira, concorda que os preços dos aluguéis vêm caindo. “O motivo da queda foi o aumento do estoque de imóveis novos entregues pelas construtoras. Além disso, muitas pessoas mudaram para unidades com aluguel mais barato em outros bairros. Com mais imóveis disponíveis, os inquilinos puderam barganhar melhores preços”, explica Oliveira.
Segundo a presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Deborah O’Dena Mendonça, não se pode negar a queda nos valores dos imóveis para alugar e para vender. “Mas, ressaltamos que este cenário refere-se aos contratos novos de aluguéis. Contratos vigentes não estão sofrendo este mesmo declínio. O mercado imobiliário está num momento de adequação de seus patamares, tanto para locação como para venda”, compara Debora.
É preciso ser bem flexível para alugar
A gerente de uma administradora, Daniele Souza, enfatiza que agora quem dita as regras são os inquilinos. “Há muita oferta e estamos orientando os proprietários que é preciso ser flexível para ter o imóvel alugado, além disso, quem paga em dia também deve ser tratado de forma especial. Em alguns casos, sugerimos redução no valor do aluguel e em outros não aplicar o reajuste anual. O proprietário que mantém o imóvel bem cuidado também faz toda a diferença na hora de alugar”, explica Daniele.
Já Edison Parente, que também atua em administradoras de imóveis, ressalta que o perfil de investidor que comprou um imóvel para locação é bastante conservador e, devido ao cenário atual, alguns clientes chegam na imobiliária impondo o valor que quer alugar.
“E não é assim que as coisas funcionam. Alguns locadores preferem muitas vezes deixar o imóvel vazio do que alugar mais barato. Tudo tem um equilíbrio”, conta Parente. A administradora oferece até três meses de aluguel grátis. Cerca de 400 imóveis entre residenciais e comerciais estão na promoção.
Fonte: O Dia