A renda com aluguel está perdendo feio para a inflação. Dados da pesquisa mensal do Sindicato da Habitação em São Paulo (Secovi SP), estão repletos de más notícias para os investidores em locação no mercado imobiliário residencial. O levantamento mostra variação mensal zero na média de preços de novos contratos na capital paulista em maio, repetindo o resultado do mês anterior.
Os aluguéis novos em São Paulo registraram no mês passado a menor variação em dez anos, ou seja, de toda a série histórica do Secovi SP, tanto no acumulado do ano, quanto em 12 meses.
A pesquisa do Secovi SP mostra que, em termos anualizados, os preços cobrados de aluguéis novos subiram apenas 0,60% nos cinco primeiros meses de 2015, variação quase três vezes menor da verificada no mesmo intervalo de 2014. O 0,60% de alta nominal configuras e ainda em uma queda real de 3,04% diante de uma inflação de 3,64% medida pelo IGP-M no período. O recuo é ainda maior, de 4,74%, se o indicador for o IPCA.
Em 12 meses, o índice de locação do Secovi SP acumula alta de 0,90% em maio, ante uma inflação pelo IPCA de 8,47%, o que implica em uma perda real de 7,57%. Se o indicador for o IGP-M, com alta de 4,1% no período, a queda alcança 3,26%. A pesquisa revela que desde agosto do ano passado a média dos aluguéis novos tem perdido da inflação.
Outro indicador do mercado o índice FipeZap Locação segue na mesma toada. De abrangência mais ampla com pesquisa em nove cidades, o índice segue a variação de preços anunciados pela internet e não dos praticados efetivamente, como o Secovi. No acumulado de 12 meses até maio, o FipeZap Locação registra perda real, quando descontada a inflação, de 7,6% no valor médio dos preços pedidos para a locação.
No ano, com alta nominal de 0,84% em cinco meses, o índice mostra uma queda real nos preços médios anunciados de 4,5%, quando descontado o IPCA do período, e de 2,8%, se for considerada a inflação medida pelo IGP-M. São resultados muito próximos aos obtidos pelo Secovi em São Paulo, de recuos reais de 4,74% e 3,04%.
Apesar da queda real dos preços médios, o retorno do aluguel sobre o valor por metro quadrado, o chamado “yield”, tem se mantido estável desde outubro de 2014, no patamar de 0,40%, segundo dados do FipeZap Locação. Embora “congelado”, o yield encontra- se no menor nível em sete anos.
Essa resistência a uma queda maior se deve aos recuos registrados pelos preços de venda anunciados, que apresentaram perda real de 4,14% em 2015 até maio, quando descontado o IPCA do período, segundo o índice FipeZap Aplicado, que mede a variação dos valores pedidos para comercialização de imóveis em 20 cidades brasileiras.
“Até o fim do ano a tendência é de piora do cenário econômico e o mercado imobiliário encabeça os setores que mais vão sofrer com isso”, avalia Eduardo Schaeffer, responsável pelos índices FipeZap. Segundo o Eduardo, as taxas tanto de valores de venda quanto de retorno com os aluguéis devem se retrair ainda mais, dentro de um cenário de aumento de desemprego, inflação alta, juros em elevação, perda do poder aquisitivo e restrição de crédito para aquisição de imóveis, com menos recursos disponíveis para empréstimos e maiores exigências das instituições financeiras.
Fonte: Valor Econômico (23/6/15)