A crise pela falta de chuvas na Região Sudeste no início do ano reacendeu a discussão sobre as estratégias para redução de desperdícios e formas de consumo consciente dos recursos naturais. Além do enfrentamento de crises, as alternativas buscadas pelos condomínios para reduzir desperdícios representam uma significativa diminuição de despesas e valorização do imóvel. Por isso, cada vez mais os empreendimentos têm apostado em opções como a individualização do consumo da água, iluminação de áreas comuns com LED e o uso do gás natural. Paralelo a isso, novas tecnologias oferecem a cada dia novidades que podem ajudar a reduzir as situações onde ocorrem os maiores desperdícios nas residências.
O engenheiro mecânico e consultor David Gurevitz afirma que após efetuar uma vistoria em mais de 2,5 mil edificações, constatou que a frequência de investimentos em consumo consciente de recursos naturais ainda pode ser considerada baixa. No entanto, segundo ele, essa é uma situação possível de ser revertida, uma vez que muitas medidas de redução de consumo podem ser feitas simplesmente através da conscientização.
A economia de despesas incentivou e garantiu a adesão dos moradores nas ações de redução de consumo no condomínio de casas administrado por David Lima, em Rio do Ouro.
“A principal ação foi a individualização de água, o que gera em média redução de até 40% do consumo. Chegamos a pagar, em outra gestão, uma conta de R$ 17 mil, e após a individualização, a despesa foi para R$ 3,9 mil, em média. Motivados por essa ação, o próximo passo será a implantação de projetos de reutilização de água de chuva e poço artesiano, para molhar as plantas”, explica o síndico.
O aumento na taxa de condomínio seria inevitável se o consumo não fosse reduzido, além disso, segundo David, todo dinheiro em caixa do condomínio também seria gasto, impossibilitando investimento em melhorias. De acordo com o síndico, todos os investimentos em consumo consciente retornam em poucos meses, mas para que isso vire uma realidade é preciso uma profunda revisão nas normas.
“Foi importante mostrar que com a implantação dessa medida, os moradores passariam a pagar exatamente o que consumiam, ou seja, onde moram 10, paga-se por 10, onde moram dois, paga-se por dois, somente. Vale lembrar que os grandes “vilões” do desperdício nos condomínios são vazamentos ocultos como em cisternas, tubulações enterradas, jardim e as piscinas individuais das casas”, alerta David.
Além da água e do gás, a iluminação também é um dos principais focos de atenção, seja em ambientes industriais, comerciais ou residenciais, e por isso é tratada com mais atenção na hora de reduzir os gastos e pensar sustentabilidade.
“As lâmpadas e luminária LED (Light Emiting Diode, diodo emissor de luz) vêm gradativamente substituindo as incandescentes, que terão venda proibida a partir de 2016 e já estão entrando em desuso, bem como as fluorescentes compactas, hegemônicas nas vendas, mas que, pelo Plano Nacional de Eficiência Energética, deverão se submeter a um programa de melhoria de eficiência para se manterem no mercado”, conta o engenheiro eletricista Ricardo Cunha.
Cunha explica que enquanto uma lâmpada incandescente converte uma pequena parte da energia consumida (de 5 a 10%) em luz visível e o resto em calor, tendo uma vida útil de cerca de 1 mil horas, uma lâmpada LED converte cerca de 70% daquela energia em luz visível, apresentando uma vida útil extremamente elevada.
“A durabilidade dessas lâmpadas, com o selo Procel de economia, pode chegar a pelo menos 50 mil horas de uso, equivalendo consumo por 30 anos, cinco horas por dia, enquanto as fluorescentes compactas costumam ter vida útil de no máximo 8 mil horas”, destaca Ricardo.
Um condomínio novo, em Santa Rosa, com quantidade excessiva de luminárias, sendo a maior parte eletrônicas e fluorescentes e algumas dicroicas, se tornou um desafio para o síndico e administrador de empresas Marcelo Simões Maia.
“Depois de muito trabalho, hoje quase todas as lâmpadas que eram eletrônicas passaram para LED, e as que atendiam a garagem e eram fluorescentes foram em parte desligadas sem fazer diferença, já que a garagem ficou muito bem iluminada. As dicroicas também estão com seus dias contados”, frisou Marcelo.
A substituição das lâmpadas, aliadas a outras ações de redução de consumo já ajudou a diminuir gastos, e segundo o síndico, a tendência é que não seja necessário aumento de taxa dos condomínios a médio prazo.
Utilizar o gás natural em casa também pode trazer economia. Ele é mais barato que a energia elétrica, no caso do chuveiro, e seguro que o gás de botijão, na cozinha, se dispersando facilmente no ar em situação de vazamento. Além de servir para cozinhar e aquecer água, é usado também para aquecimento e refrigeração do ambiente e também como fonte de energia para vários aparelhos.
Fonte: O Fluminense (31/5/15)