A liberação de R$ 22,5 bilhões da poupança, pelo Governo Federal, para os bancos usarem em financiamento imobiliário agradou ao setor. O dinheiro é parte do que as instituições financeiras são obrigadas a manter no Banco Central (depósitos compulsórios), ou seja, não poderiam usá-lo sem essa autorização.
O delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Carlos Manoel Neves Ferreira, tem convicção de que a medida vai ajudar a reativar o setor, que vem acumulando queda nas vendas.
“O que mantinha o mercado aquecido eram os imóveis até R$ 300 mil. Como teve esse sumiço do dinheiro da poupança, o mercado ficou parado praticamente três meses. Com essa liberação, as coisas devem voltar à normalidade do que estava no ano passado”, diz.
Ferreira lembra, ainda, que o pacote de socorro do Governo ao crédito imobiliário, ampliando o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para financiar imóveis, também é um incremento para o setor. O teto, que era de R$ 190 mil, passa a ser de R$ 300 mil.
“A pessoa que vende um apartamento de R$ 300 mil vai para um de R$ 400 mil, e assim por diante. Uma coisa chama a outra e acaba aquecendo as vendas”, afirma o delegado do Creci.
O vice-presidente de Habitação Popular do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Ronaldo Cury, acredita que as medidas tomadas pelo Governo não alteram em nada as vendas dos imóveis atuais: são apenas preventivas.
“Se a pessoa hoje vai comprar um apartamento em construção, ela consegue financiamento. Porque quando a construtora lançou a obra ela foi a um banco e contratou um financiamento imobiliário, o apoio à construção. Então o financiamento para o cliente, apesar de mais caro, está disponível”.
Segundo ele, o problema é que desde janeiro os bancos começaram a negar esse apoio, alegando que o recurso da poupança acabou. Isso geraria reflexos no futuro. “Não se poderia começar novas obras. Se começassem sem esse apoio à construção, na hora em que o prédio ficasse pronto, não teria dinheiro para o cliente comprar”.
Para o representante do SindusCon-SP, a novidade não vai fazer com que as compras aumentem porque há uma crise econômica no País. Sobre os bancos privados dificultarem o crédito, ele também atribui isso à atual situação do Brasil e acha que não vai mudar.
Fonte: A Tribuna (30/5/15)