O condomínio Ristretto, lançado na divisa de São Paulo e Osasco em 2014, foi assim batizado possivelmente em referência ao sofisticado espresso preparado com a mesma quantidade de café, mas a metade da água. O nome, entretanto, também faz jus ao tamanho: com 107 metros quadrados, o apartamento de 4 quartos do empreendimento é 30% menor que a média dos imóveis do mesmo tipo lançados em 2014 na Região Metropolitana de São Paulo, o maior mercado imobiliário do País.
A Gafisa, construtora do Ristretto, não está sozinha. Em 2014, a área útil dos imóveis novos diminui 4% na região, para 62 m². Na capital paulista, o encolhimento foi ainda mais expressivo: 12%, também para 62 m². Os dados fazem parte do relatório anual da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), a ser divulgado no fim do mês, e antecipados ao iG.
Para analistas, o encolhimento é parte de uma estratégia para colocar no mercado imóveis com valores mais acessíveis, embora não necessariamente baratos se for considerado o preço por metro quadrado de área útil. O preço inicial do Ristretto, por exemplo, ficou 40% abaixo da média do segmento.
A principal razão para a queda no tamanho médio dos imóveis é a crescente aposta das construtoras nas unidades 1 dormitório, uma tendência que começou antes do boom imobiliário iniciado em 2010 e que continua vigorosa nestes tempos de mercado deprimido. Em 2014, 24% dos imóveis lançados na capital eram de 1 dormitório, mais do que o dobro dos 11% de 2010.
Além disso, os apartamentos estão ficando menores. A área útil média dos imóveis de 1 dormitório lançados em São Paulo em 2014 foi de 37 m², 10% a menos que em 2013 e 23% a menos que em 2010.
“Nós tivemos aí um período significativo de alta dos imóveis. Então, há uma busca por colocar tíquetes [preços finais dos imóveis] mais baixos no bolso dos compradores”, sugere Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, sindicato do mercado imobiliário de São Paulo.
Fonte: iG (17/5/15)