A falta de vagas de garagens e estacionamentos em determinadas regiões das grandes cidades pode valorizar em mais de 20% um apartamento que inclui vagas em relação a um imóvel semelhante, mas que não oferece vaga para veículos.
Esse é o resultado de um levantamento do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio), realizado em oito bairros localizados na Zona Sul e na Zona Norte da cidade.
Um apartamento de dois quartos com garagem no Leblon, bairro da Zona Sul, é, em média, 22,8% mais caro do que um imóvel de dois quartos, mas sem vaga, localizado no mesmo bairro. Em Laranjeiras, também na Zona Sul, a diferença é de 22,7%.
Em Ipanema, Botafogo, Méier, Tijuca, Copacabana e Flamengo, os porcentuais são menores, mas ainda ultrapassam 10%. “O valor da vaga de garagem na cidade corresponde, em média, entre 7% a 9% do valor do imóvel”, diz Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio.
Veja, na tabela a seguir, a diferença de preços entre apartamentos de dois dormitórios com e sem vagas de garagem em oito bairros do Rio de Janeiro:
A garagem é considerada uma unidade autônoma e faz parte da área comum do imóvel. Seu valor é adicionado ao preço da unidade com base em seu custo de construção.
Mas o custo de uma vaga depende da necessidade de espaços para estacionamento na região na qual está localizada. Quanto maior a procura, mais alto será o seu preço.
Alguns bairros que fazem parte do levantamento do Secovi Rio incluem muitos apartamentos antigos, que foram construídos sem garagens.
Além disso, estão localizados em regiões que limitam a construção de vagas nos empreendimentos. Por ficarem próximos a praias, a areia e água existente no subsolo impedem a construção de estruturas subterrâneas.
Essas características fazem com que, naturalmente, o valor da garagem nesses bairros fique acima da média registrada na cidade.
O vice-presidente do Secovi Rio também cita a falta de investimentos em melhorias no transporte público da cidade, além do aumento do financiamento para a compra de carros nos últimos anos, como fatores que contribuíram para ampliar a necessidade por garagens.
Nos bairros incluídos no levantamento, as vagas ficaram ainda mais escassas com o boom imobiliário registrado na cidade nos últimos cinco anos.
Diversos prédios foram construídos nessas regiões e ocuparam terrenos que antes eram utilizados como estacionamentos, segundo Schneider. “No período, a diferença de valor entre um prédio com e sem garagem dobrou: passou de 10% para 20%.”
Quem tem um imóvel com garagem em um bairro com escassez de vagas, portanto, pode ser beneficiado caso queira vender o apartamento.
A tendência é que a vaga de garagem continue valorizando o imóvel até que haja melhorias no transporte coletivo da cidade, diz Schneider, do Secovi Rio. “Não dá para prever quando isso irá acontecer, mas sabemos que é difícil haver mudanças significativas no curto prazo”.
Fonte: Exame (23/3/15)