Depois de anos de crescimento ininterrupto, os imóveis em Niterói inverteram a tendência e começaram 2015 em queda. A mudança no mercado imobiliário da cidade é atestada pelo índice Fipe/Zap Imóveis, que mede mensalmente os preços de venda. Pela primeira vez desde o início da série histórica, em julho de 2012, houve desvalorização, que chega a 0,9% no acumulado de janeiro e fevereiro. A área mais afetada é a Região Oceânica. Aluguéis também caíram.
O fenômeno fica restrito à cidade, já que não houve queda no índice Fipe/Zap Ampliado — que leva em conta 17 capitais e grandes cidades brasileiras, entre elas Niterói —, nem nos preços da capital fluminense. Segundo o levantamento, a desvalorização é mais acentuada nas casas em bairros como Itaipu (7,3%), Engenho do Mato (2,7%) e Camboinhas (0,4%).
Para Silmara Alves, gerente de vendas da corretora Lopes Self, em Icaraí, os dados confirmam o que o mercado vem mostrando na prática. Segundo ela, a crise econômica vivida pelo país e pelo Estado do Rio tem provocado um ajuste no mercado imobiliário, que apresentava franco crescimento ao longo dos últimos anos.
— O mercado está se estabilizando agora, e a gente acredita que seja por conta da crise econômica. Esses imóveis maiores, mais comuns na Região Oceânica, são os que mais estão precisando de ajustes, porque a crise afeta mais as classes média e alta. Essas casas mais caras, que eram vendidas a R$ 2 milhões, estão sendo negociadas por R$ 300 mil, R$ 400 mil a menos. Quanto mais caro, mais estão tendo que reduzir o preço para serem negociadas — explica.
Ainda segundo Silmara, o perfil do comprador de imóveis na cidade também está se alterando este ano.
— Em 2014, a maior parte das nossas vendas era para pessoas com alto poder aquisitivo, que já possuíam imóveis. Este ano, quem está comprando são famílias que moram de aluguel e buscam uma casa própria — analisa.
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Niterói (Ademi-Niterói), Jean Pierre Biot, também avalia que a queda nos índices é reflexo dos problemas na economia brasileira, mas não acredita que a redução de investimentos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a reboque da crise na Petrobras, afete o desempenho.
— O país está parado, e infelizmente dependemos da economia. Se ela vai mal, fica ruim para todo mundo. Mas não acredito que o Comperj influencie nas vendas de Niterói, porque a cidade tem um perfil específico de vendas. Grande parte das pessoas que compram imóveis já vive na cidade. São pessoas que terminam casamentos ou filhos que deixam a casa dos pais, por exemplo — avalia.
Fonte: O Globo online (23/3/15)