Medidas que visem também a classe média. Essa é a principal expectativa do mercado imobiliário com a nova gestão da Caixa Econômica Federal, assumida pela ex-ministra Miriam Belchior no dia 23 de fevereiro. Coordenador da pós-graduação de Direito Imobiliário da Universidade Estácio de Sá e assessor jurídico da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário (Abami), Sérgio Simões vê com bons olhos a mudança, mas faz ressalvas.
— O fato de Belchior ter uma proximidade com a administração pública, e ser extremamente técnica, colabora para que essa mudança seja benéfica — afirma.
Sobre as políticas de incentivo à moradia voltadas para a baixa renda, Simões lembra que é preciso pensar também nas classes que não são tão necessitadas.
— Todos precisam de casa. Então, as medidas devem beneficiar também essas pessoas, que pagam muitos impostos — diz ele.
Para o presidente do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), Pedro Wähmann, os juros não devem baixar nos próximos meses, mas há uma expectativa de que Belchior mantenha o que tem sido feito ao longo dos anos na instituição:
— Não vejo margem para baixar , porque o viés do mercado é de alta e não há como ignorar isso. Mas se ela mantiver a mesma política dos últimos anos está bom.
Presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Rio (Creci-RJ), Manoel da Silveira Maia reforça que o mercado espera que não haja dificuldade na liberação de financiamentos e que as taxas não subam.
— Se cortarem benefícios, além de prejudicar o mercado, vai impactar no número de empregos — acredita.
Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio (Sinduscon-Rio), Roberto Kauffmann aposta na comunicação entre os setores:
— Para aperfeiçoar os mecanismos de financiamento, deve permanecer o diálogo — diz Kauffmann.
A Caixa Econômica Federal informou que Miriam Belchior não poderia conceder entrevista. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) também não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
Confira as perspectivas
Políticas Públicas – Ao assumir a presidência da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior prometeu manter o papel da instituição desenvolvimento social: “A Caixa é o principal agente na implementação de políticas públicas do governo federal. O banco vai atuar para consolidar as conquistas, aprofundando o projeto coletivo de longo prazo de agente do desenvolvimento econômico e social”, disse.
Direitos – Em seu discurso de posse, no dia 23 de fevereiro, Miriam deixou claro que o banco continuará beneficiando a população: “Assumo o compromisso de manter uma instituição que garanta o compromisso de dar direito a quem tem direito”, afirmou.
Crédito Imobiliário – Em 2005, a Caixa concedia R$ 5 bilhões de crédito habitacional por ano. Em 2014, o montante passou a ser de R$ 128 bilhões, segundo dados divulgados pelo banco.
“Minha Casa, Minha Vida” – Miriam Belchior afirmou que o banco construirá três milhões de novas moradias na nova fase do programa. “Será necessário trabalhar arduamente para alcançarmos a meta de contratação de mais três milhões de novas moradias no “Minha Casa, Minha Vida”, estabelecida pela presidenta Dilma Rousseff. Essas contratações se somarão a dois milhões de moradias entregues e a 1,750 milhão que ainda estão em construção”, disse.
Investimentos – Belchior também anunciou a participação na implantação de uma carteira de investimentos. “A Caixa deverá ter uma participação destacada na implantação de uma nova carteira de investimentos em infraestrutura de logística, combinando investimento público, parcerias privadas e crédito de longo prazo para os grandes projetos, como a expansão da infraestrutura urbana de transporte coletivo por todo o Brasil”, afirmou.
Superação – Belchior destacou que a Caixa se beneficiou da política de estímulo ao crédito público depois da crise econômica de 2008. “A atuação da Caixa ajudou a proteger Brasil da crise internacional de 2008, que ainda hoje ameaça empregos. O banco enxergou na crise a oportunidade de ganhar mercado, oferecendo melhores condições para os atuais clientes e ganhando novos clientes. Ao mesmo tempo, manteve a eficiência e antecipou metas projetadas para 2022”, disse.
Fonte: Extra (8/3/15)