Recentemente, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito da pessoa física de 1,5% para 3%, inclusive para crédito imobiliário, a fim de conter o crédito nesse momento de inflação ainda elevada. Além disso, a Caixa Econômica Federal (CEF) já aumentou as taxas para novos financiamentos de imóveis residenciais. Esse cenário aparentemente negativo, no entanto, não deve comprometer o mercado imobiliário goiano.
Para as linhas de crédito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), referentes ao financiamento de imóveis abaixo de R$ 750 mil, as taxas de juros passaram de 8% para 8,5% ao ano, relativas aos clientes que sejam servidores públicos e que tenham conta-salário na CEF. No caso dos demais, a taxa permanece a mesma: 9,15% ao ano. Para os financiamentos com o recurso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa Minha Casa, Minha Vida também não haverá reajuste. Já para a linha de crédito do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que financia imóveis acima de R$ 750 mil, os juros passaram de 9,2% para 11% ao ano, no caso de mutuários não clientes do banco. Em relação aos clientes com conta salário no banco, o aumento foi de 8,8% para 10,2% ao ano.
Segundo a Fipe, os dados apontam que, apesar da variação anual apontar estabilidade, os preços dos imóveis chegaram ao final do ano com aumento em ritmo menor que os demais preços da economia isto é, em queda real.
Apesar desse panorama negativo, a compra de imóveis não deve ser afetada, de acordo com o diretor de incorporação da EBM Desenvolvimento Imobiliário, Fernando Razuk. O impacto deve ser muito pequeno. Os empreendimentos do Minha Casa Minha Vida não vão sofrer e os imóveis abaixo dos R$ 750 mil terão acréscimo pequeno. A faixa mais afetada será a de imóveis acima de R$ 750 mil, que atinge um público de maior poder aquisitivo, com melhores condições de poder acomodar o aumento no orçamento, comenta.
Para Fernando Razuk, existe um alarde enorme em relação ao aumento de impostos e taxas, o que é natural, mas, na prática, esses reajustes terão impacto relativamente pequeno no mercado. Os juros do financiamento imobiliário continuam os mais baixos do mercado. O rotativo do cartão de crédito, por exemplo, varia de 100% a 110% ao ano e o crédito para pessoa física não fica abaixo dos 80% ao ano, diz.
Além disso, Fernando Razuk argumenta que o imóvel tem se valorizado acima dos juros. No ano passado, Goiânia liderou o índice FipeZap com a maior valorização imobiliária do país, de 12,72%, enquanto no Brasil inteiro a valorização foi de 6,7%. Aliado a essa alta está o baixo preço médio do metro quadrado na capital goiana. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Goiânia tem o segundo menor preço de imóvel entre as cidades avaliadas: R$ 4.056,00 a média do metro quadrado em 2014, ficando atrás somente de Contagem, em Minas Gerais, cujo valor médio é de R$ 3.386,00.
O Rio de Janeiro continua sendo o primeiro na lista das cidades com o metro quadrado mais caro, com R$ 10.893, seguida por São Paulo, com R$ 8.351. A terceira cidade no ranking é Brasília (R$ 8.143), que no entanto foi a única entre as 20 que apresentou recuo na variação anual de preços, com queda de 0,35%.
Sobre a elevação do IOF no crédito a pessoas físicas, Fernando Razuk acredita que em médio e longo prazo a medida deve ter impacto positivo, devido à retomada da confiança na economia. Com as mudanças anunciadas pela nova equipe econômica, o câmbio já começou a baixar e a bolsa a subir. A tendência é que aumente a confiança dos investidores no Brasil.
Fonte: Jornal da Comunidade/ Brasília, Imóveis & Construção (21/2/15)