Com o abastecimento ameaçado pela crise hídrica, o governo do Rio iniciou na terça-feira 3/2 uma operação de combate a ligações clandestinas de água que reúne todas as delegacias especializadas. Apenas dois lava-jatos haviam sido fechados até o fim da tarde desta quarta-feira, apesar de a Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) afirmar que ligações clandestinas e fraudes representam 20% do total de perdas do sistema.
O presidente da Cedae, Jorge Briard, disse que as ações conjuntas com a polícia serão realizadas pelo menos até o fim de abril. “Por determinação do chefe da Polícia Civil, desde terça-feira todas as delegacias especializadas participam das operações”, afirmou. Segundo ele, essas ações fazem parte de uma política permanente, que foi “intensificada para enfrentar a crise hídrica”. Conhecidas como “gatos”, as ligações clandestinas de água são configuradas na lei penal como crime de furto.
O prefeito Eduardo Paes (PMDB) vai anunciar até o fim da semana um pacote de medidas com o objetivo de economizar água. Secretários discutiam hoje quais ações poderão ser tomadas, não apenas em prédios públicos. Estão em estudo medidas como a proibição da lavagem de calçadas, o desligamento de chafarizes e a restrição de licenças para lava-jatos – os que já funcionam podem ser obrigados a reutilizar água.
Procurado pela reportagem, o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, não comentou o relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que aponta a necessidade de redução da vazão na estação de Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ). O objetivo seria evitar um colapso das reservas do sistema que abastece o Rio antes do fim de agosto, caso a estiagem se mantenha.
Técnicos da secretaria confirmaram que poderá haver um esgotamento dos estoques de reservatórios a partir de agosto se a seca persistir e for mantida a vazão de 140 mil litros por segundo em Santa Cecília. Ali, dois terços das águas do Rio Paraíba do Sul são desviadas para o Rio Guandu, que abastece 9 milhões de pessoas na região metropolitana. Os volumes mortos dos quatro reservatórios do sistema acumulam cerca de 3 trilhões de litros.
Fonte: Diário do Grande ABC (4/2/15)