02 de dezembro
Os moradores de um condomínio com piscina no Rio tinham acesso diário ao espaço de lazer. Até que, um dia, quando foram se refrescar, foram barrados. E o pior: não sabiam o motivo, muito menos quanto tempo a “parada” iria durar. Alguns moradores, revoltados, foram tirar satisfação com o síndico.
— Ele teve que explicar a um por um o porquê da interrupção: a água precisava ser trocada. Mas tudo isso poderia ser evitado se o síndico tivesse comunicado previamente e corretamente os moradores. Por se tratar de um acontecimento que atinge a todos, deveria ter sido feito um comunicado explicando o motivo e duração da limpeza — conta João Ferraz, gerente de negócios de condomínios da Apsa.
Esta é só uma das muitas histórias de brigas entre síndicos e moradores que teriam sido evitadas com um boa e clara comunicação — que, em tempos de redes sociais, pode e deve ser feita via Facebook ou WhatsApp, por exemplo.
— Tem síndicos que agem de forma autoritária e entram em choque com o morador. A comunicação é o segredo de tudo. Ela pode ser feita com um informativo nos elevadores, sim, mas também por e-mail, Facebook, Twitter, WhatsApp, o que for. O importante é que tudo fique às claras. Se um elevador está dando problema, explicar o que aconteceu, dar datas, o que está sendo feito e a previsão de conserto, por exemplo, é o melhor caminho.
— Ainda hoje, a comunicação dentro dos condomínios é arcaica e, a partir daí, surgem os conflitos. Se o imóvel está alugado, não adianta colocar comunicado embaixo da porta ou na caixa de correios, pois ele pode não chegar às mãos do proprietário. O ideal é usar redes sociais, SMS e e-mails. O condomínio é uma empresa, você tem que ter as mesmas ferramentas do mundo tecnológico. O mais importante da comunicação é a mensagem chegar ao dono do imóvel — acrescenta Edison Parente, vice-presidente comercial da administradora de imóveis Renascença.
O TEMÍVEL AUMENTO DA TAXA DE CONDOMÍNIO
Mas a maior parte das desavenças nos condomínios, diz Ferraz, acontece por causa de obras, seja as que são de áreas comuns (que acarretam gastos) ou as do apartamento de um vizinho. Assim, a comunicação sobre os transtornos possíveis também deve ser feita previamente e com clareza. Parente explica que em casos de despesas ordinárias, tanto inquilinos quanto proprietários devem ser avisados e, se não forem, podem solicitar detalhamento dos gastos. Já no caso de despesas extraordinárias, que devem ser pagas pelo dono do imóvel, podem ser comunicadas apenas a ele.
O gerente da Apsa orienta que, caso o síndico esteja em uma situação que precise aumentar a taxa mensal por motivo de obra ou custo extra, que procure os moradores e explique claramente os motivos do aumento. Ele sugere, ainda, que o orçamento comece a ser discutido informalmente antes mesmo da reunião de assembleia, onde tudo será decidido. Outra questão, geralmente, alvo de reclamação dos moradores é a falta de transparência nas contas. Depois, deve ser comunicado o que ficou decidido em reunião, para que os ausentes estejam cientes. E o síndico deve se disponibilizar para esclarecimentos:
— O que ocorre é que, apesar dos balancetes serem enviados mensalmente, são muito sucintos e nem sempre compreensíveis, o que gera alguns questionamentos, que, por sua vez, causam desconfianças e desconforto. O síndico tem que dar respostas claras sobre os gastos e os aumentos. Com isso, o morador se sente participando. Nos condomínios que administramos, procuramos fazer reuniões mensais para discutir como o dinheiro será aplicado, como se fosse uma enquete mesmo. Assim, quando a assembleia acontece, todos ou a maioria já estão cientes e a aprovação é mais tranquila.
Fonte: O Globo (02/12)