13 de novembro de 2014
Considerada uma das áreas comerciais mais importantes do Rio de Janeiro, a Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, enfrenta mudanças provocadas pelo aumento do preço dos aluguéis. Ao longo da via, pelo menos 30 lojas fecharam as suas portas nos últimos meses, conforme informou a coluna Gente Boa. O que se mais vê nas lojas são os cartazes com os dizeres: “Passo o ponto” ou “aluga-se”. Esse fenômeno não é exclusivo de Ipanema. Os comerciantes do Leblon enfrentam os mesmos problemas e muitos fecharam as portas. Outras, como a Totalmente, que fica na altura do número 525, está fazendo uma queima total de estoque antes de mudar para Copacabana prevista para este mês. O motivo, segundo a vendedora Joelma Souza, foi realmente o aumento do preço do aluguel.
O perfil da Visconde de Pirajá sempre foi ter um forte comércio de rua, voltado — em alguns trechos — para um público com um poder aquisitivo mais alto e até mais luxuoso, como trechos da Rua Garcia D’Ávila. Em outros, como os arredores da Praça General Osório, voltado para as classes mais baixas.
O fechamento atingiu vários estabelecimentos, independentemente do ramo. A Confeitaria e Panificadora Martinica, que funcionava na esquina da Rua Visconde de Pirajá com Vinícius de Moraes fechou as portas em dezembro do ano passado. Na época, os proprietários colaram na porta do imóvel um cartaz com o seguinte texto: “Prezados clientes, é com muita tristeza que comunicamos que a loja fechará as portas no final de 21/12. Devido aos aumentos do aluguel, a loja não tem condição de suportar esse elevado custo e, por isso, se vê obrigada a tomar essa decisão. Resta-nos agradecer os 17 anos na vossa companhia”. Após o fechamento, circularam informações de que o aluguel subiria de R$ 20 mil para R$ 80 mil.
A solução para algumas lojas foi mudar de endereço. É o caso da butique Carlota, que funcionava numa loja de rua na esquina da Visconde de Pirajá com a Aníbal de Mendonça e mudou para a uma galeria que fica no número 550. A gerente da loja Luana Bezerra disse que, além do aumento do aluguel, a mudança levou em conta o conforto do novo endereço.
O presidente da Associação do Comercial do Rio de Janeiro, Antenor Barros Leal, disse que as negociações de contratos de aluguéis os comerciantes acabam ficando sem opção, mas ele acredita que a situação já chegou ao seu ápice.
— Acho que dentro de pouco tempo quem não conseguir alugar, será obrigado a baixar o valor. Na Visconde de Pirajá, o comércio teve outro problema nos últimos meses causado pelas obras do metrô — disse Antenor. — Há ainda a questão da cobrança de luvas. No contratos de cinco anos, o proprietário cobra luvas porque o locatário tem o direito de renovação automática do contrato. Com o alto preço das luvas, muitos desistem da renovação.
Na esquina com a Rua Maria Quitéria, outro caso e que exemplifica a questão da cobrança de luvas. Uma butique fechou as portas em abril e desde então nenhum outro comerciante se instalou no local. O preço também é de assustar. De acordo com a imobiliária, o contrato de quatro anos prevê um aluguel de R$ 28 mil mensais. No de cinco anos, a mensalidade é a mesma, mas o interessado ainda terá que pagar R$ 600 mil de luvas.
Fonte: O Globo (13/11)