12 de novembro de 2014
Em 2010, apenas 8% dos 121 empreendimentos lançados na cidade tinham itens considerados sustentáveis. No ano passado, essa taxa chegou a 37%. Um crescimento e tanto em números absolutos, já que o número de lançamentos também cresceu: foram 161, em 2013. A má notícia é que pela primeira vez nos últimos cinco anos, esse percentual deve cair. Dos 65 empreendimentos que chegaram ao mercado no primeiro semestre, apenas 29% usaram itens sustentáveis, segundo levantamento feito pela Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ).
— Não chega a ser uma queda significativa já que o número de empreendimentos também caiu muito este ano — defende Claudio Hermolin, vice-presidente da entidade, para quem a adesão das empresas à sustentabilidade vem crescendo paulatinamente. — Embora ainda seja pequena, essa adesão das empresas já está bem maior do que há alguns anos. E não só nos itens que incluem nos empreendimentos, mas também na gestão da obra.
Segundo Hermolin, o principal entrave para que as construtoras invistam em itens sustentáveis é a falta de incentivos fiscais. O preço, mais caro, de muitos desses itens, também dificulta a adesão das empresas, já que ainda não é, segundo ele, economicamente viável repassar esses custos ao preço final que será pago pelo consumidor. Mas, admite, a demanda do mercado é o fator que mais empurra as empresas na busca por produtos que gerem economia.
— Quando o mercado começou a fazer grandes condomínios-clube com áreas de lazer enormes, cheias de piscinas, quadras, jardins, a taxa de condomínio encareceu muito. E o consumidor passou a se preocupar com o custo que isso ia ter no seu orçamento. Então, foi preciso usar soluções, já na obra, para baratear esses custos, como a instalação de sistemas de coleta de água da chuva e reuso de águas cinzas, instalação de descargas com duplo fluxo e até mesmo os sensores de presença nas áreas comuns. O mercado consumidor já está mais preocupado com esses gastos, e isso vai fazer com que a adesão das empresas só aumente — avalia Hermolin.
Hoje, os números ainda são modestos. Entre as soluções mais comumente instaladas pelas construtoras estão os sensores de presença (66%); hidrômetros individuais (65%), que são obrigatórios em novos empreendimentos; sistema de captação de água da chuva (54%); e coleta seletiva de lixo (36%). Outras soluções são torneiras com fechamento automático (27%), descargas de duplo fluxo (22%), uso de madeira de reflorestamento (19%), lâmpadas de baixo consumo e alta durabilidade (10%). Apenas 3% dos empreendimentos com itens sustentáveis têm telhados verdes, e 1% investiu em sistema que capta energia solar para iluminação de áreas comuns.
Fonte: O Globo (11/11)