14 de outubro de 2014
Um ano de muitos eventos, preços atingindo o teto e crescimento da oferta de imóveis no mercado do Rio estão levando imobiliárias e construtoras a estarem mais abertas para negociar. E isso pode significar descontos entre 10% e 20% no preço final da compra, seja de novos ou usados. Para Rogério Quintanilha, gerente-geral de vendas da Apsa, o setor no Rio de Janeiro não se beneficiou tanto quanto esperava com a realização dos eventos esportivos, nem com a indústria de extração de óleo e gás.
— O consumidor está aumentando o tempo de análise de compra. As Olimpíadas continuam movimentado a cidade em termos de renda, mas quem compra imóvel começa a ter uma visão de médio e longo prazos. Há uma percepção de aumento do desemprego, então, o endividamento extenso faz com que pessoas pensem mais. O processo eleitoral também afeta. Alguns esperam o resultado para decidir sobre a compra. O mercado veio com expectativa muito grande de aumento e estes valores ficaram muito acima da realidade. Agora, as negociações levam a redução de preços entre 10% e 20%.
Na linha de que a questão do preço varia conforme a oferta e procura, o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), João Paulo Matos, explica, entretanto, que, mesmo com negociações mais flexíveis, pode haver regiões mais supervalorizadas ou superofertadas. Em seu ponto de vista, 2014 tem sido um ano atípico, por conta dos vários eventos que a capital recebe, o que resulta em um desaquecimento.
— O mercado veio crescendo muito forte nos anos anteriores e, agora, se deparou com vários eventos atípicos: carnaval em março, feriados em abril, Copa do Mundo e eleições. Tudo isso fez com que o mercado ficasse mais devagar. Claro, afeta o setor e pode levar as construtoras a darem descontos. Mas o setor vai voltar ao ritmo após as eleições — aposta Matos.
Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio) e presidente da Apsa, concorda: diz que desaquecimento não significa queda de preços direta generalizada, mas, sim, uma possibilidade maior de negociação, que pode resultar nestes descontos:
— Chegamos a um patamar de preço máximo. Nos últimos 12 meses, percebe-se a acomodação. Os preços não caíram, mas há uma maior flexibilidade. Como tem mais ofertas que demanda no mercado, as pessoas estão analisando mais. As construtoras passaram a ter mais estoque e a fazer mais promoções com imóveis na planta. É a lei de oferta e demanda que regula o mercado.
A acomodação já vem sendo observada nos últimos resultados do Índice FipeZap, que calcula o valor médio do metro quadrado anunciado de 16 cidades brasileiras. Segundo economista da Fipe, Bruno Oliva, as variações mensais do último FipeZap de Rio e São Paulo, ambos de 0,4%, apresentam uma tendência de acomodação no país, que deve continuar. Oliva ressalta, entretanto, que os preços não vão cair de uma hora para outra:
— É um esfriamento natural, após o forte aquecimento que o mercado teve.
Fonte: O Globo (14/10)