O mercado imobiliário reagiu com preocupação após o Banco Central (BC) elevar novamente a Selic (taxa básica de juros) em um ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. A medida foi anunciada nesta quarta-feira. Em nota, a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) alerta que a decisão agrava os desafios econômicos, encarece o crédito, desestimula investimentos e pressiona o orçamento de empresas e famílias.
A entidade lembra que, além de restringir o crescimento do país, os juros elevados tornam a dívida pública ainda mais onerosa, pois cada ponto percentual de alta na Selic adiciona cerca de R$ 48 bilhões ao seu custo anual. Outro ponto observado pela associação é que o impacto sobre as empresas também é enorme, o que pode resultar em demissões e aumento do desemprego. A Abrainc cita ainda que, somente em 2024, foram registrados mais de 2,2 mil pedidos de recuperações judiciais, segundo o Indicador da Serasa Experian. O montante é o mais alto contabilizado desde o início da série histórica, iniciada em 2005, e representa um aumento de 61,8% em relação a 2023.
Fernando Canato, diretor administrativo financeiro da Abadi (Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis)
“Com a inflação acima da meta e um cenário político de incertezas no ambiente interno e externo, a tendência é que a Selic continue subindo ao longo de 2025, com expectativa de ultrapassar os 15% até o final do ano. O mercado de compra e venda de imóveis sofre impacto direto no custo do crédito imobiliário. Taxas de financiamento mais altas e os critérios de aprovação mais específicos restringem ainda mais o acesso ao crédito, desestimulando a compra de imóveis financiados. Por outro lado, quem tem a disponibilidade financeira para investimento é atraído pelo mercado financeiro onde a Selic atualmente pode contribuir para oportunidades de investimentos inclusive em renda fixa, podendo adiar uma decisão de compra no curto prazo, aumentando inclusive um possível cenário de especulação na compra e venda. O mercado de locação de imóveis tende a seguir na contramão. Investimentos com taxas de retorno mais atrativas, crédito mais caro e restrito, podem adiar a decisão de compra aumentando a procura por aluguel, naturalmente empurrando os preços de aluguel para cima, reflexo da famosa lei da oferta e da procura. Outro aspecto sensível desse cenário é a administração condominial. Com a alta da Selic, os custos gerais dos condomínios tendem a subir, entre elas despesas com manutenção, contratos de prestação de serviços e eventuais empréstimos para melhorias ou obras”.
Fonte: O Dia, 3O/01/2025. Leitura da reportagem completa clicando aqui