Um alento para quem planeja comprar um imóvel em tempos de crise econômica: o preço médio do metro quadrado para venda está em queda. No Rio de Janeiro, houve redução de 0,11% em julho, sem descontar a inflação, após um resultado estável no mês anterior, segundo o índice FipeZap, apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com base nos anúncios do portal Zap Imóveis.
A perspectiva é de que esse cenário se mantenha pelo menos até o fim de 2015, avaliam especialistas, garantindo oportunidades em preço e condições de pagamento a quem tem recursos para investir na casa própria.
– Entre março e julho, o preço médio do metro quadrado para venda no Rio recuou duas vezes e ficou estável nas demais. Na prática, são cinco meses de queda – comenta Raone Costa, economista da Fipe, destacando que é a primeira vez que esse movimento de queda acontece desde o início da série, em 2008.
No Rio, R$ 10.631 por m²
O preço médio dos imóveis no país já acumula queda real (descontando a inflação) de 4,94% em 2015. O índice FipeZap, que acompanha o valor de venda de imóveis em 20 cidades brasileiras, registrou alta de 1,51% nos preços, enquanto a inflação, medida pelo IPCA, do IBGE, acumulou 6,79% no mesmo período.
No mês passado, a alta no país foi de 0,13% frente a junho, inferior à inflação de 0,58% do mês, com base nas projeções de economistas compiladas pelo Boletim Focus, do Banco Central. Isso configura nova queda real pela nona vez na comparação mensal. Cinco das 20 cidades analisadas pelo índice apresentaram queda nominal: Belo Horizonte ( 0,14%), Niterói (0,12%), Curitiba (0,14%) e Vila Velha ( 0,5%), além do Rio de Janeiro.
A capital fluminense e São Paulo são as duas cidades de maior relevância na composição do índice, explica Costa.
O preço médio para venda de imóveis no Rio é o mais alto, tendo alcançado R$ 10.631 por metro quadrado no mês passado. Fica bem acima da média apurada pelo índice, de R$ 7.614. A Zona Sul – onde o valor chega R$ 23.222 no Leblon – ajuda a puxar para cima o preço no mercado carioca.
– O Rio tem uma questão particular (quanto a preço) que é a Zona Sul, onde todo mundo quer morar: cariocas, brasileiros, estrangeiros. Como não há nova oferta, o preço se eleva – conta Claudio Hermolin, vice-presidente da Ademi-RJ, que reúne as empresas do mercado imobiliário no Rio.
O metro quadrado premium da Zona Sul, continua ele, não permite que o preço médio caia de forma brusca na cidade. Por outro lado, é prova de que há boas oportunidades de negócio em outras áreas.
No Rio, o valor do metro quadrado mais alto em julho foi o do Leblon, seguido de Ipanema ( R$ 20.457), Lagoa (R$ 18.673), Gávea (R$ 18.081) e Jardim Botânico (R$ 17.134). Já os bairros com o metro quadrado mais barato no mês foram Cosmos (R$ 2.282), Senador Camará (R$ 2.859), Pavuna ( R$ 2.641), Guadalupe (R$ 2.725) e Coelho Neto (R$ 2.768).
A queda de preços é consequência da crise econômica, que tornou o crédito para habitação mais restrito e caro, além de pressionar a renda e trazer de volta à cena o fantasma do desemprego, que deixa o consumidor inseguro, explica Pedro Seixas, professor dos MBAs da FGV:
– A demanda residencial persiste. Só está passando por um momento de ajuste. A longo prazo, a tendência é de recuperação. Agora, a hora é do comprador, principalmente o que tem recursos para pagar o imóvel à vista ou dar uma boa entrada.
Para Seixas, o momento, na verdade, é de estabilidade. E isso, avalia, é prova de que não havia bolha no mercado imobiliário, ou os preços teriam despencado diante do atual cenário econômico.
Os efeitos da crise econômica foram levados em conta quando, no fim do ano passado, a Ademi-RJ fez sua estimativa para o mercado imobiliário. Segundo Hermolin, prevendo um 2015 de desafios, a associação estimou que os preços deixariam de subir ou subiriam menos do que a inflação, o que representa queda real em valor.
– Esse movimento era esperado. No entanto, o cenário político-econômico ficou ainda pior que o esperado. A redução da demanda e da velocidade de venda, combinada ao volume de imóveis em estoque, reduz o ritmo de crescimento de preço, que hoje está adequado às melhorias que o Rio vem recebendo nos últimos anos – explicou.
Fonte: O Globo/Glauce Cavalcanti (6/8/15)