O aumento dos juros no financiamento imobiliário já fez com que as taxas cobradas na compra da casa própria voltassem ao patamar registrado no segundo semestre de 2011, quando o governo federal concentrou seus esforços na redução dos juros do sistema bancário para, assim, estimular o consumo. Nesse novo cenário, o consumidor tem duas alternativas: arcar com um custo mais alto para usar essa modalidade de crédito ou esperar que as taxas voltem a cair, o que não está no radar de nenhuma instituição financeira no curto prazo.
Em agosto de 2011, quando o Banco Central começou a reduzir a Selic, a taxa média do crédito imobiliário estava em torno de 9,5% ao ano, segundo dados do próprio BC. Foi caindo gradualmente até chegar à mínima de 6,84% em fevereiro do ano passado. Esta taxa é válida para empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que usa recursos da poupança, tem juro máximo de 12% ao ano e vale para imóveis de até R$ 750 mil.
Em 2014, o movimento de queda da Selic foi encerrado, e o juro básico voltou a subir. As taxas do crédito imobiliário também ficaram mais altas. De acordo com o Banco Central, em janeiro deste ano, a média de juros nessa modalidade estava em 8,8%, ante os 8,4% de dezembro de 2014. Hoje, o BC vai divulgar a taxa média referente a fevereiro, que deve ficar em patamar ainda mais alto.
Fevereiro será o primeiro mês completo depois do anúncio da Caixa — cujos juros foram de 8,75% para 9% — e já irá incorporar também a alta dos bancos privados. No Bradesco, o juro foi elevado de 9,2%, no final do ano passado, para 9,6% atualmente, além da variação da TR (taxa referencial), nas operações do SFH. O diretor de crédito imobiliário da instituição, Claudio Borges, explicou que essa é a taxa base e que alguns clientes conseguem negociar taxas melhores, dependendo do relacionamento que têm com o banco.
— A demanda por crédito imobiliário caiu um pouco, mas ainda não de forma significativa, o que só deve acontecer mais para 2016 se o cenário econômico não se reverter. Aumentamos as taxas, mas juro elevado não combina com crédito imobiliário. Então procuramos ser competitivos e vamos ajustando no dia a dia.
O Bradesco, assim como outras instituições, aumentou os juros depois da Caixa, que fez a elevação em 15 de janeiro. É o banco público, com cerca de 70% desse mercado, que costuma ditar a tendência das taxas para o restante do sistema. Por meio de nota, a instituição avisou que não estuda novos aumentos. “A Caixa esclarece que ainda não fechou o seu plano de negócios para 2015 e não trabalha, neste momento, com a possibilidade de novo aumento da taxa de juros”. O banco informa ainda que deve repetir este ano o volume de empréstimos de 2014, R$ 128,83 bilhões.
Outra instituição que seguiu o a Caixa foi a CrediPronto, parceria entre o Itaú Unibanco e a Lopes, administradora de imóveis. A instituição fez um ajuste de meio ponto percentual, com as taxas oscilando entre 9,2% e 9,6% ao ano.
— Nosso aumento foi em 2 de fevereiro. Se a Caixa subir os juros mais uma vez, vai abrir espaço para que a gente também ajuste — afirmou Bruno Gama, diretor-geral da empresa.
Gama lembra que, embora o aumento tenha sido pequeno, pode ocorrer um arrefecimento da demanda ou uma demora maior do consumidor para tomar a decisão de compra.
Procurado, o Banco do Brasil não informou se praticou reajustes no crédito imobiliário desde janeiro, quando suas taxas variavam de 9,4% a 9,6% para imóveis adquiridos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Já o Santander elevou de 8,6% para 9,1% para imóveis comprados pelo SFH.
Fonte: O Globo online (25/3/15)