Depois de anunciar o aumento nas taxas de juros do financiamento imobiliário para quem recebe acima de R$5.400, a Caixa Econômica Federal informou que vai reduzir em até 80% a remuneração dos correspondentes imobiliários. Os postos funcionam como miniagências da instituição para dar mais agilidade na concessão do crédito habitacional. Segundo empresários do setor, a alteração provocará demissão em massa de analistas de financiamento e resultará na lentidão para aprovar e liberar o empréstimo imobiliário. A nova regra começa a valer a partir de 13 de abril.
De acordo com a simulação, para um financiamento de R$ 500 mil pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o correspondente recebe R$ 6 mil na classificação Diamante e R$5 mil na Topázio. Isso por que a Caixa classifica os correspondentes em quatro faixas (Esmeralda, Rubi, Topázio e Diamante). Com a redução na remuneração, o valor vai cair para R$ 1.200 nas duas faixas.
Já para um empréstimo de R$ 150 mil com recursos do FGTS, a remuneração é de R$ 1.500 na Diamante e de R$ 1.200 na Topázio, sendo agora reduzido para R$ 600 nos dois casos.
Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), Roberto Kauffmann é contra a redução na remuneração dos correspondentes. “O que deveria ocorrer por parte do banco seria um treinamento mais eficaz para que os profissionais pudessem exercer de forma mais efetiva suas funções”, sugere Kauffmann.
Decisão estratégica do banco
A Caixa Econômica Federal esclareceu que a alteração dos critérios de remuneração dos correspondentes é uma decisão estratégica da instituição. A instituição ressaltou ainda que mantém as melhores condições do mercado junto aos seus parceiros de venda.
Atualmente, são mais de 15 mil profissionais no país e, no Estado do Rio, o número chega a 1.022, segundo dados da Caixa. Vale lembrar que eles em pregam de dois a 40 pessoas ou até mais, de pendendo do porte dos correspondentes.
Os salários da categoria variam entre R$1.200 e R$ 2 mil por mês e os profissionais têm todos os direitos trabalhistas.
Crédito imobiliário ainda tem muito a crescer no Brasil
Para o vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi Rio), Leonardo Schneider, a queda na remuneração também não é bem vinda. “Em princípio, a decisão da Caixa não é positiva. Isso porque vai dificultar a concessão do financiamento, desestimulando os correspondentes a trabalharem com o banco, além de possíveis demissões neste segmento”, explica Schneider.
Ele lembra ainda que o crédito imobiliário ainda tem muito a crescer no Brasil, se comparado com outros países. E o déficit habitacional continua alto. “Nos últimos anos, o mercado contou com cenário favorável em que ha via crédito sem burocracia, melhora na renda do brasileiro e oportunidades de imóveis para todas as faixas de renda. Agora, o cenário é outro. E entendo que a Caixa deve ter razões para mexer na remuneração dos correspondentes”, comenta Schneider.
Fonte: O Dia/Imóveis/Cristiane Campos (5/4/15)