12 de janeiro de 2015
Não é só o preço dos imóveis que fica no topo da lista dos mais caros no Leblon. O bairro também tem o condomínio mais alto da cidade, à frente até mesmo da Barra. E a taxa ainda foi a que mais sofreu variação nos últimos três anos: entre dezembro de 2012 e o mesmo mês do ano passado, o aumento foi de 27,6%, chegando, em média, a R$ 9,88, o metro quadrado. O aumento foi mais que o dobro da inflação que deve ficar em torno dos 13% nos dois últimos anos.
A Gávea foi o segundo bairro com maior valorização, 24,5% no período, seguido de Ipanema (20,5%), Laranjeiras (18,8%) e Copacabana (18,4%), segundo um levantamento feito pelo Secovi-Rio com exclusividade para o Morar Bem. Do total de 17 bairros pesquisados pelo Secovi-Rio, apenas três tiveram variação abaixo da inflação. No Flamengo, a variação da taxa condominial não passou de 7,3%. No Jardim Botânico ficou em 7,4% e, na Lagoa, em 9,4%. Ainda assim, esses índices são mais altos que em São Paulo, onde a expectativa para 2014 é de um aumento em torno dos 7%, mesma média dos últimos anos na capital paulista.
ECONOMIA DE ÁGUA E ENERGIA EM SP
— Tem havido um grande esforço em São Paulo para economizar água e energia. Então, o peso maior recai sobre o gasto com pessoal. No dissídio de outubro, o aumento foi de 8,5%, o que pode causar algum impacto no próximo ano, mas de uma maneira geral, as taxas não têm subido muito — analisa Omar Anauate, diretor de condomínios da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic).
O vilão por aqui também é, quase sempre, o salário dos funcionários, já que a folha de pagamento consome, em média, nada menos que 60% do orçamento dos condomínios.
— Os salários na Zona Sul são mais altos. E, no Leblon, ainda maiores que em outros bairros — exemplifica César Thomé, da BAP Administradora. — E a segurança patrimonial, comum em muitos condomínios da Zona Sul, é outro fator que ajuda a encarecer.
De fato, o serviço de segurança 24 horas pode pesar muito nesse valor. Num condomínio de apenas quatros andares na Delfim Moreira, por exemplo, ela representa nada menos que 70% da taxa de R$ 15 mil mensais paga pelos condôminos.
— No Leblon, especificamente, quase sempre o perfil dos moradores é de uma renda mais alta. Então, mesmo que as tarifas de água e energia sejam as mesmas em toda a cidade, o gasto vai ser maior. E esses condomínios também costumam ter mais funcionários, o que eleva ainda mais esses custos — explica Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi-Rio.
VALOR MENOR EM CONDOMÍNIO GRANDE
Na Barra, por exemplo, onde os condomínios têm grande infraestrutura e oferta de uma infinidade de serviços, a taxa condominial custa em média R$ 9,75 por metro quadrado, a segunda da cidade. Mas a valorização no bairro foi bem abaixo da observada no Leblon: 13,4% entre dezembro de 2012 e dezembro do ano passado. O motivo seria o grande número de unidades desses condomínios, o que faz com que os gastos sejam diluídos por muita gente. Ao contrário do que acontece na Zona Sul, onde há muitos prédios pequenos.
É justamente em bairros onde há grande concentração de prédios menores, aliás, onde se vê uma variação mais baixa. E uma explicação pode estar na redução de gastos que muitos desses condomínios vêm tentando fazer.
— Muitos condomínios já perceberam que é um absurdo pagar por um porteiro noturno que fica dormindo. Vem havendo uma substituição desses funcionários por sistemas de câmeras, além é claro, das medidas de economia de energia e água. Com isso, se reduz consideravelmente a taxa de condomínio — avalia Rodrigo Mont Serrat, diretor da Imodata Administradora.
Fonte: O Globo (11/01)