Presidente do Conselho Regional de Química diz que é preciso aguardar tratamento de carvão ativado na ETA do Guandu antes de pensar em mexer nos reservatórios
RIO — Diante da água com coloração, gosto e cheiro fortes que a Cedae vem fornecendo aos consumidores desde o último dia 3, cariocas que possuem caixas d’água em casa estão sem saber o que fazer. O diretor de Condomínio e Locação da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Marcelo Borges, conta que tem sido procurado por síndicos de prédios em busca de orientações sobre que destino dar à água armazenada nos reservatórios dos condomínios.
— A água é um componente bem significativo no orçamento de um condomínio, só perde para a folha de pagamento. Desde que a Cedae confirmou a presença de geosmina na água, muitos moradores ficaram apreensivos. Mas esvaziar a caixa d’água e encher novamente com a mesma água não me parece uma medida inteligente — pondera Borges, acrescentando que há condomínios que estão avaliando entrar na Justiça contra a estatal por conta da má qualidade da água.
Segundo o químico Rafael Almada, presidente do Conselho Regional de Química do Rio de Janeiro, enquanto o problema não tiver sido resolvido, é mais importante priorizar o uso de filtros de carvão ativado do que jogar fora os milhares de litros d’água acondicionados nos reservatórios de condomínios e residências.
Segundo Almada, que é doutor em engenharia química pela Coppe/UFRJ, a população só deve pensar em esvaziar e higienizar reservatórios quando o processo de filtragem por carvão ativado for implementado na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, em Nova Iguaçu.
— Assim que a Cedae der algum retorno em relação ao prazo de colocação do carvão ativado no tratamento pode-se começar a pensar na limpeza das caixas. O mais importante é garantir que a água que você está usando para consumo esteja como a água deve ser: incolor, inodora e insípida. Se ela estiver dessa forma, é grande a possibilidade de ela estar dentro do padrão de potabilidade — afirma o químico.
Procurada, a Cedae informou que o carvão ativado começará a ser usado no tratamento da água nesta quinta-feira. Em nota, a empresa disse que “assim que o carvão for aplicado no processo de tratamento, reterá a geosmina e, portanto, a água já não apresentará mais gosto e cheiro de terra”. No entanto, fez uma ressalva: “A eliminação das alterações causadas pela geosmina em cada imóvel dependerá da renovação da água nos reservatórios internos”.
O maquinário que colocará o carvão ativado em uso está sendo montado na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, em Nova Iguaçu. O equipamento chegou de São Paulo desmontado em três partes e trouxe a esperança de melhoria na qualidade da água. Além do equipamento, também já chegou ao Rio um carregamento de carvão ativado vindo do Paraná.
Fonte: O Globo