Uma pesquisa do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio) mostrou que dez entre os 18 bairros analisados apresentaram queda no aluguel em março, em comparação com fevereiro. Em relação ao mesmo mês no ano anterior, a queda ocorreu em oito locais.
Segundo o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, o mercado de imóveis no Rio de Janeiro vive um momento de transição e reajuste. A análise tem como base “apartamentos-padrão” de um a quatro quartos.
“A gente teve uma valorização muito forte nos últimos anos e isso está mudando um pouco, principalmente porque tem muito mais oferta no mercado e a demanda tem retração. Tivemos mais imóveis entrando no mercado”, afirmou o vice-presidente.
Segundo o Secovi Rio, em março de 2015 ingressaram 5.870 imóveis para aluguel. Em fevereiro, 6.086. O especialista acredita também que muitas pessoas que estavam vindo para o Rio e que queriam um imóvel para alugar, “desistiram” por causa da “retração econômica”.
“Muitos compraram imóvel para investir, e pegaram esse imóvel e colocaram para alugar para ter uma renda. E ao mesmo tempo, do lado da demanda, você teve uma retração. O preço com certeza deve ter influenciado, mas a questão econômica, não só preço, mas renda, o próprio momento de incerteza, acaba retraindo um pouco”, completou Schneider.
Centro e Gávea: maior queda
O Centro do Rio foi o local que apresentou a maior queda em março, na comparação com o mês imediatamente anterior, com um recuo de 9,68%.
“O Centro você acaba tendo mostra limitada, acho que ainda não [que os novos edifícios que estão chegando à Região Portuária tenham influenciado]. Porque tem novas salas para alugar. Acho que é excesso de oferta, e esse recolhimento econômico. A Petrobras e todas as empresas terceirizadas [que atuam com a estatal], estão reduzindo as operações [e colocando imóveis à disposição]”, explicou.
Em relação ao ano passado, no entanto, a Gávea, na Zona Sul, registrou retrocesso de 6,81%. “Ali você vê que tinha tido valor, que tinha sido valorizado nos últimos anos. A Gávea subiu porque tem a expectativa de metrô, e é uma alternativa interessante de altos preços da Zona Sul, como Leblon e Ipanema. E agora, de um ano para cá, é como se fosse uma onda.
Recreio cresce
Na contramão desse cenário de queda, o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, foi o bairro que teve a maior procura, apresentando a maior alta, 2,64%, em comparação com fevereiro deste ano.
“O Recreio é um bairro que você tem muita opção. Enquanto na Barra [da Tijuca] os preços são mais altos, as pessoas que não compraram na Barra buscam o Recreio como alternativa. E todos aqueles investimentos na Região Salvador Allende acabam impactando positivamente, geram essas ondas. E acabam refletindo no preço do aluguel”, ressaltou.
Em relação a março de 2014, o Flamengo, na Zona Sul do Rio, foi o bairro que apresentou a maior alta no aluguel, com 7,12%. “É um bairro nobre, perto do Centro, tem comércio, escola, e metrô. E comparado com Botafogo, Lagoa, Ipanema, apresenta um valor mais acessível”, justificou.
Bangu foi o único bairro que não atingiu um número mínimo de informações para cálculo da média representativa de aluguel, tanto na comparação com março do ano passado quanto em relação a fevereiro deste ano.
Centro também tem queda na venda
O Centro da cidade também foi o bairro que apresentou o maior recuo nas vendas, em relação fevereiro de 2015, -1,26%. Na comparação anual, a Lagoa, na Zona Sul, registrou a maior queda, -1,44%.
“O preço [de venda no Centro] teve momentos de ajustes um pouco mais forte. De retração, mais tempo para você vender o imóvel. A Lagoa, ela não é o topo [de procura] como Ipanema, o Leblon. Ela acaba sendo um bairro de alto luxo, mas acaba sendo uma opção B do cara que quer morar no Ipanema, Leblon. Na Lagoa, o cara sente essa retração”, afirmou.
Apesar de não ter apresentado um número mínimo no aluguel, Bangu foi o bairro que registrou a maior alta em relação a março de 2014, 29,25%, seguido do Centro da cidade, com 8,16%. Recreio foi o bairro com maior procura em comparação a fevereiro, 5,5%.
“Bangu é aquele efeito cascata, mas porque na verdade acaba enquanto outros bairros estão desvalorizando, lá está valorizando, até subir o preço, já tem esse evento cascata. É muito mais barato É o cascata”, concluiu.
Fonte: G1 (6/4/15)