O presidente do Citibank no Brasil, Helio Magalhães, não vê sinal de bolha imobiliária e risco sistêmico no mercado imobiliário brasileiro. Ocorreram, conforme ele, ajustes de preço. “Não vemos bolha que tenha implicação de mudança drástica que causaria impacto na economia brasileira”, afirmou o executivo, em debate no 1º Summit Imobiliário Brasil 2015, promovido pelo jornal “O Estado de S. Paulo” em parceria com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi-SP).
Para o presidente executivo do BTG Pactual, André Esteves, que proferiu uma palestra no evento, realizado no Grand Hyatt Hotel, em São Paulo, o mercado brasileiro não tem características nem primárias nem secundárias de ter uma bolha imobiliária. “Não acho que o Brasil viva um soluço de bolha imobiliária”, afirmou, detalhando que a principal característica para uma bolha é o excesso de crédito e que, no País, o nível está apenas em 6% do Produto Interno Bruto (PIB).
O executivo ressaltou também que o capital externo segue interessado no mercado imobiliário brasileiro. “Em países comparáveis, como Chile e México, o crédito representa cerca de 20% do PIB”, exemplificou. Para Esteves, o que pode estar ocorrendo no Brasil são correções de preços.
Segundo o presidente do BTG, não há venda forçada de imóveis e o mercado vai ter capacidade de digerir o atual momento. “Não vejo anormalidade, apenas a normal ciclicidade do setor. Agora vivemos um ciclo de baixa”, afirmou, destacando que a crise imobiliária nos Estados Unidos em 2007 e 2008 foi muito mais intensa do que a atual situação do Brasil.
Também no evento, Gonçalo Bernardo, diretor executivo do Morgan Stanley, lembrou que sintomas de bolha que foram identificados em outros mercados não aconteceram no Brasil. “O que há no Brasil não é uma bolha imobiliária, mas um ciclo de mercado”, acrescentou ele.
Sobre o momento atual ser favorável ao investimento no mercado imobiliário brasileiro, o executivo disse que há ativos diferentes para os variados perfis de investidores. Segundo ele, a base de ativos do segmento é uma segurança para o investidor, mas não deixa de ter risco.
O câmbio e a visão econômica são pontos desafiadores para os estrangeiros, embora a visão desse público esteja mais confortável para olhar ou entrar no País do que há seis meses, segundo Bernardo. “Os próximos seis meses serão cruciais para eliminar pontos de incertezas na economia e proporcionar um novo nível de conforto ao investidor que quer entrar no mercado brasileiro.”
Segundo o diretor do Morgan Stanley, do ponto de vista econômico, é preciso que o investidor tenha confiança no curto prazo, segurança e conhecimento das regras do jogo. Já do câmbio, não há conforto em relação à moeda como em outros países, exigindo proteção de risco, na qual o custo pode inviabilizar o investimento. Bernardo acrescentou que é preciso uma visão direcionada sobre o rumo do câmbio no Brasil, mas que a desvalorização do real tende a contribuir para aumentar o investimento estrangeiro.
Magalhães, presidente do Citi, vê a situação atual do Brasil “um pouco indefinida” e o mercado é suscetível a condições econômicas. “O investimento no mercado imobiliário é seguro e tem custo, mas para qualquer investimento fica a dúvida do que vai acontecer na economia. Saindo do déficit, indicadores nos levam a crer que o investimento será bastante oportuno uma vez que a recuperação econômica virá”, afirmou ele.
O gerente executivo da Previ, Ivan Schara, vê oportunidades no longo prazo para as fundações que investirem no mercado imobiliário no cenário atual.
O Summit Imobiliário é uma iniciativa do jornal “O Estado de S. Paulo”, em parceria com o Secovi-SP. O evento reuniu em São Paulo os principais líderes do setor imobiliário num debate que apresentou perspectivas para o mercado, tendências urbanísticas, conjuntura nas diversas áreas de negócios e a visão dos investidores.
Mais de 20 palestrantes, distribuídos em quatro painéis, falaram para um público de 500 pessoas das 8 horas às 18 horas. O evento contou ainda com a participação do ministro das Cidades, Gilberto Kassab. Segundo ele, é preciso criar condições para que o setor imobiliário continue investindo no momento em que a economia passa por ajustes.
Fonte: O Estado de São Paulo (15/4/15)