O financiamento direto a clientes pode ser uma opção para as incorporadoras que buscam acelerar a venda de imóveis, em meio à restrição de crédito bancário no País, mas as operações trazem riscos de inadimplência e pesam nos balanços, de acordo com a analista sênior da Moody’s, Cristiane Spercel. Para a especialista, essa ferramenta deve se restringir a um movimento temporário de poucas companhias que possuem contas mais robustas.
“As empresas estão quase sem alternativas (para acelerar as vendas), tendo em vista que os repasses dos contratos de compra e venda aos bancos estão cada vez mais lentos. É uma forma de elevar a velocidade de vendas e evitar o acúmulo de estoque de unidades prontas”, afirmou Cristiane. “Outra opção seria vender unidades com grande desconto ou liquidar estoques com preços baixos”, reduzindo a margem de ganho, acrescentou.
A analista ressaltou ainda que o financiamento direto não deveria ter como objetivo evitar o distrato de clientes inadimplentes ou com dificuldades de acesso aos financiamentos bancários, mas dar uma alternativa mais rápida para clientes novos na compra do imóvel pronto. “Essas operações visam compensar a redução de disponibilidade de empréstimos junto aos bancos”, disse, ao acrescentar que o movimento tende a ser circunstancial e pode perder força com a estabilização do crédito bancário.
Para a especialista, no entanto, a recuperação no mercado de imóveis ainda pode levar mais algum tempo para ser observada. Ao ressaltar que os ciclos na incorporação são longos, Spercel disse que 2015 ainda é o terceiro ano de contração e o setor não atingiu um ponto de inflexão. Sendo assim, as dificuldades podem prevalecer durante grande parte de 2016. Até lá, as empresas devem continuar com uma postura cautelosa, marcada por lançamentos escassos e busca de monetização de ativos.
Fonte: Yahoo Notícias (5/7/15)