30 de outubro de 2014
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) surpreendeu os analistas e subiu 0,28%, em outubro, pressionado pela aceleração dos preços produtos agrícolas, divulgou nesta quinta-feira a Fundação Getulio Vargas. Foi uma aceleração frente a setembro, quando o índice variou 0,20%, e o segundo mês seguido de alta, após quatro deflações consecutivas. Em outubro de 2013, a variação foi de 0,86%. A variação acumulada em 2014, até outubro, é de 2,05%. Em 12 meses, o IGP-M variou 2,96%.
Como em setembro de 2013, o índice havia subido 1,5%, agora que este mês foi excluído do cálculo de 12 meses o resultado acumulado teve recuo significativo. Em 12 meses até setembro a variação era de 3,54%.
O IGP-M é usado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e de aluguel de imóveis. O indicador é composto pelo Índice de Preços por Atacado (IPA), com peso de 60%, pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com 30%, pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com 10%. A pesquisa é feita entre o dia 21 do mês anterior até o dia 20 do mês de referência.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,20% em outubro, de acordo com a mediana de 16 projeções, que variaram de avanço de 0,10% a 0,25%. Diante de sinais de mais pressão sobre a inflação, o Banco Central surpreendeu na noite passada e elevou a Selic para 11,25%.
De acordo com análise de Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, contribuiu para esse resultado a aceleração dos preços agrícolas, que passaram de 0,10% para 0,90% entre setembro e outubro, principalmente influenciados por quedas menores dos preços de grãos ligados ao mercado internacional, como soja e milho, e pelas altas dos produtos in natura.
Neste período, os preços do café em grão avançaram 7%, sobre 3,36% no mês anterior, enquanto os de tomates cresceram 24,41%, após terem recuado 11,55% em setembro.
Barros frisa que os preços ao produtor industrial apresentaram leve queda (-0,01%), com menor pressão dos preços de produtos alimentícios, principalmente carnes, além de queda mais acentuada de álcool e a desaceleração de produtos químicos e metalurgia básica.
“Com a continuidade da aceleração dos preços agrícolas e a reaceleração dos preços industriais, tanto por produtos alimentícios quanto por possíveis reajustes de combustíveis, esperamos que as próximas leituras mostrem resultados mais elevados para os IGPs”, afirma o economista em relatório enviado a clientes.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) teve variação de 0,23%, enquanto no mês anterior havia sido de 0,13%. O índice relativo aos Bens Finais, por exemplo, variou 0,52%, em outubro. Em setembro, este grupo de produtos mostrou variação de 0,06%. Segundo a FGV, contribuiu para este avanço o subgrupo alimentos in natura, cuja taxa passou de -6,39% para 0,12%.
Mas, ao mesmo tempo, o item combustíveis saiu de 0,08% em setembro para -0,76% em outubro. A desaceleração deste grupo se deve à queda do preço do álcool hidratado, de 2,99%. Excluindo-se os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, o índice de Bens Finais registrou variação de 0,68%, informa a fundação. Em setembro, a taxa foi de 0,76%.
Já o índice referente ao grupo Bens Intermediários variou 0,04%, de acordo com o comunicado da instituição, com forte desaceleração em relação a setembro, quando registrou alta de 0,32%. O principal responsável por essa desaceleração foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura, que teve deflação de 0,09%, enquanto no mês anterior havia subido 0,15%. O índice de Bens Intermediários, calculado após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, variou 0,05%, ante 0,36%, em setembro.
PREÇOS DO VESTUÁRIO ACELERARAM EM OUTUBRO
No estágio inicial da produção, o grupo Matérias-Primas Brutas saiu de deflação de 0,04% em setembro para inflação de 0,12% em outubro. Segundo a FGV, os itens que mais contribuíram para este movimento foram: café em grão, de 3,36% para 7%), minério de ferro, de -5,46% para -4,97%, e aves, de 2,36% para 3,97%. No sentido contrário, destacam-se: bovinos, que passou de 3,82% para 2,03%, suínos, de 10,75% para 4,22%, e mandioca, de 10,52% para 6,54%.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve aceleração e subiu 0,46%, em outubro, frente a 0,42% em setembro. Quatro das oito classes de despesa componentes do índice registraram avanço, sendo a principal contribuição do grupo Alimentação (de 0,40% para 0,63%). O item hortaliças e legumes passou de -6,85% para 2,36%.
Também apresentaram acréscimo em suas taxas de variação os grupos Vestuário (-0,11% em setembro para 0,75% outubro), Comunicação (0,29% para 0,69%); e Saúde e Cuidados Pessoais (0,50% para 0,58%). Segundo a FGV, nestas classes de despesa, os destaques foram roupas (-0,11% para 0,69%), tarifa de telefone residencial (-1,85% para 0,16%) e artigos de higiene e cuidado pessoal (0,43% para 0,67%), respectivamente.
Em contrapartida, informa a instituição, apresentaram decréscimo os grupos Educação, Leitura e Recreação (0,85% para 0,06%), Transportes (0,37% para 0,18%); e Despesas Diversas (0,22% para 0,16%). As maiores contribuições para estes movimentos partiram dos itens: passagem aérea (12,49% para -7,98%), gasolina (0,67% para 0,25%) e clínica veterinária (1,49% para 0,48%).
O grupo Habitação repetiu a taxa de variação registrada no mês anterior, 0,47%. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em outubro, variação de 0,20%, acima do resultado de setembro, de 0,16%.
Fonte: O Globo (30/10)