No mercado por US$ 1,2 milhão, a cobertura tem terraços amplos, pisos de mármore e vistas esplêndidas para o mar que se estendem desde a sombria embaixada da Rússia até o velho Hotel Riviera, construído pelo gângster Meyer Lansky na década de 50.
O preço pode parecer caro para um país comunista onde o salário mensal médio é de cerca de US$ 20. Mas o proprietário da cobertura, o hoteleiro das Bermudas John Jefferis, de 57 anos, diz que o potencial comprador pertence a um nicho demográfico totalmente diferente.
“Há pouquíssimos apartamentos que podem ser comprados legalmente por estrangeiros e quando há oferta limitada de algo, normalmente há um prêmio sobre o preço”, diz ele, acrescentando que endinheirados como seus vizinhos expatriados provavelmente podem pagar pela extravagância. “Não será a primeira nem a segunda ou terceira casa deles, digamos assim.”
Isso é tudo parte de uma revolução imobiliária que está tomando corpo em Cuba. Mais de cinco décadas depois de Fidel Castro assumir o poder, cubanos comuns estão começando a acumular riqueza real com a compra e venda de suas casas. As autoridades estão desengavetando planos para desenvolver um mercado de casas de luxo de veraneio para estrangeiros. E a abertura diplomática entre Washington e Havana está alimentando uma onda de especulação sobre o que pode acontecer em Cuba se os americanos voltarem a poder comprar imóveis legalmente no país.
“Você não pode imaginar quantas ligações recebemos de cidadãos americanos”, diz Yad Aguiar, un dos fundadores do site Point2Cuba.com, sediado em Ontário, no Canadá, criado em 2011. O site é apenas um dos vários que surgiram recentemente para conectar potenciais compradores e vendedores.
Até agora, o embargo de 54 anos continua em vigor e os americanos não podem comprar imóveis em Cuba ou mesmo visitar a ilha como turista. E a lei cubana impede que não residentes sejam proprietários de casas fora de alguns poucos empreendimentos experimentais. Mas isso não tem impedido que alguns estrangeiros tentem aproveitar as brechas nas leis para comprar imóveis agora na expectativa de enriquecer.
Os cubanos que fugiram do país depois da revolução para morar nos Estados Unidos, por exemplo, estão começando a ter cada vez mais uma importante influência econômica em Cuba. Livre das restrições impostas aos americanos, eles podem visitar parentes em Cuba e trazer dinheiro para que reformem casas deterioradas – ou até comprar uma para eles mesmos usando o nome de um membro da família e pagando em dinheiro vivo.
Fonte: The Wall Street Journal Americas (7/4/15)