26 de novembro de 2014
Os altos valores de aluguel que vêm sendo cobrados por proprietários de lojas em Ipanema e Leblon estão expulsando os comerciantes dos dois bairros e causando um fenômeno difícil de entender: dezenas de lojas vazias nos pontos considerados os mais desejados da cidade. Mas, para quem atua no setor, a explicação é relativamente simples. Aos proprietários, interessa obter uma rentabilidade mensal compatível com o valor do imóvel. E como os preços subiram muito nos últimos cinco anos, eles têm preferido fechar as portas à espera de quem pague o preço que consideram justo.
Dados do Sindicato da Habitação, o Secovi-Rio, mostram que a rentabilidade de lojas em Ipanema e Leblon gira em torno de 0,58%. A mais baixa entre os bairros pesquisados pela entidade. Para se ter uma ideia, no Centro, o valor do aluguel de lojas chega a ser 1% do preço do imóvel. Em Copacabana, a rentabilidade gira em torno de 0,66% e, na Tijuca, de 0,76%.
LOCAÇÃO LONGA E CONDOMÍNIO ISENTO
E dois fatores ajudam a entender essa conta. O primeiro é que a locação comercial costuma ser mais longa que a residencial, em torno dos cinco anos. E o segundo, é que a maioria das lojas de Ipanema e Leblon são isentas de condomínio, já que na época de sua construção — entre os anos 1950 e 1970 — era comum a convenção considerar que, por serem voltadas para a rua, essas lojas não influenciavam nos gastos do prédio. Ou seja, o único custo de manter o imóvel vazio é o pagamento do IPTU. O que aparentemente vem valendo a pena para muitos proprietários.
— O que acontece em Ipanema e Leblon é que ainda havia muitos contratos antigos que estão sendo renovados agora. E os proprietários vêm pedindo até três vezes o valor atual. Não tem negócio que resista a aumentos assim de uma hora para outra. Mas esse é um momento de transição no mercado. Com o aumento da oferta, o poder de barganha vai voltar às mãos dos inquilinos e esses preços vão ter que se acomodar — avalia Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi-Rio.
Na Sérgio Castro Imóveis, que é especializada em imóveis comerciais, o índice de vacância nos dois bairros subiu da média de 8%, nos últimos anos, para 13% em 2014. Já a velocidade com que a locação é feita diminuiu, de três meses em média, para seis meses.
Sinal de que a situação não deve permanecer assim por muito tempo? Sem dúvida, garantem agentes do mercado.
— O proprietário resiste por até um ano, tentando encontrar alguém que pague seu preço. Mas não mais que isso. Então, em até um ano esse ajuste vai acabar acontecendo — diz Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel.