Seguindo a tendência geral do mercado de imóveis, as unidades de alto padrão, destinadas para quem pode investir milhões em um residencial, também sentem os efeitos da crise, embora em menor intensidade, na avaliação de profissionais que atuam no segmento.
De acordo com o economista-chefe do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Celso Petrucci, “desde o segundo semestre de 2014 que o mercado sente o desaquecimento de imóveis de alto padrão de alta e média renda, o que tem relação direta com o momento econômico do País”.
Em 2014, diz Petrucci, foram lançadas 34 mil unidades residenciais na capital paulista, sendo que apenas 1.600 eram de quatro quartos – que têm valor mais elevado. Os dados são da Empresa Brasileira de Estudos Patrimoniais (Embraesp).
Em 2015, as unidades totais colocadas à venda no mercado recuaram para 23 mil, sendo que 660 eram de quatro dormitórios. No primeiro trimestre deste ano, foram lançados 38 imóveis de quarto dormitórios.
“Agora, somente a empresa que precisa, por questões contratuais, é que vai lançar este tipo de empreendimento. As incorporadores lançam mais imóveis de um e dois dormitórios, com tíquete mais baixo”, diz.
Aluguel – O mercado de alto padrão normalmente é um dos últimos a serem afetados pelas crises econômicas, mas não estão imunes aos seus efeitos. Um levantamento feito mostra que o valor médio de aluguel e venda desse tipo de bem apresentou desvalorização. São considerados imóveis de alto padrão para venda aqueles com valores acima de R$ 1 milhão e para aluguel acima de R$ 5 mil.
O preço do aluguel eve desvalorização real de 15,8% nos últimos dois anos, frente ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que acumulou 17% no período. Este ano, a desvalorização foi de 1,9%, considerando-se o IGP-M de 3,3%.
Venda e compra – O cenário do mercado de venda segue a mesma direção. Nos últimos 24 meses, o valor médio do imóvel teve desvalorização real 9,6%, em 2016, a queda foi de 0,4%.
Dados mostram que São Paulo tem o terceiro metro quadrado mais caro do País (R$ 6.889) perdendo apenas para Rio de Janeiro (R$ 7.983) e Brasília (R$ 8.270), mas chega a ser quase o dobro do metro quadrado de cidades como Natal (R$ 3.853 o m²) e Goiânia (R$ 3.984 o m²).