Somente uma queda no valor dos imóveis seria capaz de normalizar o acesso dos brasileiros ao crédito imobiliário. Nos dois maiores mercados de imóveis do País, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, os preços precisariam recuar 6% e 10%, respectivamente, para compensar a perda de poder aquisitivo dos brasileiros.
Apesar da queda do valor real dos preços, o acesso ao crédito para imóveis de classe média recuou 20%, em São Paulo, e 15% no Rio de Janeiro, no ano passado. Nas duas cidades, o acesso ao crédito está 10% abaixo da média registrada entre 2008 e 2015.
Entre os motivos estão as exigências de bancos brasileiros para a liberação do crédito imobiliário. O principal é que o valor da prestação não pode ultrapassar os 30% do salário bruto do interessado. Com a corrosão da renda pela inflação, nos últimos tempos, é cada vez mais difícil encontrar quem preencha esse requisito.
Até 2015, o aumento da taxa básica de juros (Selic) era a principal mola na performance e preço dos imóveis. Nos últimos meses, contudo, a pressão começou a se deslocar para o lado da demanda, com cada vez menos gente disponível a encarar o maior compromisso de muitas famílias – a compra da casa própria. Um bom argumento seria baixar o valor dos imóveis, a fim de resgatar a confiança dos brasileiros.
A necessidade aumenta ainda mais, quando se lembra que a poupança, principal fonte de recursos para financiar a produção e venda de imóveis, está secando. No ano passado, os saques superaram os depósitos em R$ 50 bilhões, puxados pelo agravamento da crise econômica, que levou muitos poupadores a sacar suas reservas para pagar compromissos, e muitos investidores a buscarem opções mais rentáveis.
Os financiamentos pelo SFH (que utiliza os recursos da poupança) devem cair 20% neste ano. Mais um argumento para a queda dos preços.
Fonte: Terra