Com os juros do cartão de crédito chegando aos 360% ao ano no rotativo, o cheque especial superando os 260% ao ano e outras contas com juros nas alturas, a taxa de condomínio, cuja multa por inadimplência caiu de 20% para 2% na alteração do Código Civil de 2003, ficou por último quando o assunto é quitar dívida. Como reflexo, o calote nos condomínios aumentou 50% no primeiro semestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado. E a tendência é piorar.
A avaliação é do secretário do Sindicato dos Condomínios Comerciais, Residenciais e Mistos de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindcom), Rodrigo Bragança. Além de secretário da entidade, Bragança é síndico profissional de 22 condomínios em Belo Horizonte, entre comerciais e residenciais. E enquanto a arrecadação dos imóveis cai, ele ressalta que os custos para manter os imóveis aumentam. Como reflexo, a conta não fecha.
A saída é reajustar a taxa dos condomínios entre 15%, no caso dos residenciais, e 20%, para os comerciais, o que já começou a acontecer. Vale ressaltar que os aumentos devem ser aprovados em assembleias.
Para driblar o aumento de custos, a máxima é reduzir os gastos e tentar evitar o encarecimento ainda maior na taxa de condomínio. E Rodrigo Bragança também atua nesta frente. Ele, que é síndico profissional do shopping Quinta Avenida, na Savassi, conseguiu uma permuta para trocar a iluminação do mall por lâmpadas de Led. Já no primeiro mês, a conta caiu de R$ 27 mil para R$ 22 mil, redução de 18,5%.
Quando a taxa de inadim-plência dos condomínios é inferior a 10%, o vice-presidente das Administradoras de Condomínios da CMI/Secovi MG, Leonardo Mota, aconselha aos síndicos utilizar o fundo de reserva – aquele dinheiro que os condôminos reservam para emergências e reformas estruturais– para quitar a dívida. No entanto, se o montante for superior ao índice ou se o condomínio não possui fundo de reserva, a saída é ratear o débito de quem deu o calote entre os bons pagadores.
Desgastados por cobrar os próprios vizinhos exaustivamente, é comum que os síndicos, com o aval dos demais moradores, terceirizem o trabalho da administração de condomínio, profissionalizando o serviço.
Quando o problema não é solucionado, o departamento jurídico entra em jogo. “Muitas vezes, quando damos entrada na ação e a pessoa é citada ela já nos procura para negociar. Um ou outro apenas deixa a ação se arrastar por mais tempo, mas a maioria acaba negociando”, afirma a representante de uma administradora.
Fonte: R7 (5/8/15)